terça-feira, 2 de outubro de 2012

Os segredos por trás da Volta Grande do Xingu


Parte 1 – Usina de Belo Monte


Demorei um pouco pra escrever algo sobre minha experiência como gerente na Pousada Rio Xingu, pois queria acumular um know-how que pudesse me basear para escrever este artigo.

Vou começar descrevendo a delicada situação em que se encontra este trecho maravilhoso do Rio Xingu,  localizado entre os municípios de Altamira, Anapu e Vitória do Xingu, o trecho é conhecido como volta grande do Xingu, onde estão instalando a discutida barragem de Belo Monte. Aproveito pra deixar minha simples opinião sobre hidrelétricas em geral e sobre esta em especifico.
No geral, hidrelétricas “não correm” o perigo de um desastre ambiental assim como uma usina nuclear, elas simplesmente por existirem já o fazem no instante de sua concepção, alagando florestas matando animais e principalmente colocando um obstáculo intransponível a toda vida aquática a montante e jusante da mesma.

Porem, inteligentemente e por obra do relevo local a barragem de Belo Monte não poderá alagar várzeas e afluentes ao Xingu por um simples e providencial motivo, a cidade de Altamira assim como tantas outras cidades fica as margens do rio e este tem seu limite de cheia no cais do porto da cidade, ou seja, se a barragem elevar volume de água do reservatório acima do limite de cheia anual do rio, simplesmente alagará uma cidade de mais de 100 mil habitantes por inteiro.

A solução encontrada foi criar um canal de derivação no qual levará a água a um outro local no qual será criado um lago artificial, e que este sim será o propulsor da casa de força principal da usina, ele irá alagar sim centenas de milhares de m² de terras, mas estas que já foram devastadas pelo homem outrora. A grande vantagem de tudo isso é que não será alterado as características do rio pois o mesmo continuará correndo como um rio e não como um represamento, e o outro é a criação de um novo ponto de pesca no qual os tão famosos tucunarés do Xingu poderão se desenvolver e abundancia, podendo até aliviar a pressão de pesca sobre o rio, já o prejuízo da barragem intransponível não será solucionado, nem mesmo com elevadores e escadas, mas dos males o menor.

No entanto, com o desvio de parte da água do rio que será de no mínimo operacional de 90 m³/s para a casa de força principal (norte) onde gerará em carga máxima 500 KV com todas suas turbinas, e na seca do rio será utilizada uma única turbina, o rio que nesta época tem um volume normal de 200 m³/s perderá 45% de sua água no que se refere a volta grande.
Um pequeno represamento, mas a parte jusante da barragem que fará o desvio, será drasticamente afetada no seu volume de água em todo o ano e mais rapidamente na estiagem quando a água chega a descer mais 20 cm por dia!!! Essa grande alteração no volume da água afeta tão fortemente o peixe e no nosso caso a pesca, que o peixe fica sem ação por muito tempo até que se estabilize novamente ou diminua a velocidade de baixa da água.

Portanto dos projetos de barragens existentes no Brasil, na minha leiga e humilde opinião este é um dos com menor impacto ambiental em áreas virgens ou pouco afetadas anteriormente pelo homem, mas ainda não deixa de mudar as características do rio, e principalmente a fauna e flora marginais e ela.

Peço aos companheiros especialistas na área ou curiosos como eu, que emitam sua opinião para que eu possa corrigir algum erro ou mesmo mudar a minha opinião.

Em seguida terei mais novidades para vocês.

Grande abraço!

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