Parte 1 – Usina de Belo Monte
Demorei um pouco pra escrever algo sobre minha experiência
como gerente na Pousada Rio Xingu, pois queria acumular um know-how que pudesse
me basear para escrever este artigo.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhk3f5SiCXMCaik2O7Sl_F52BbvV6RfLc81vvbrOc7yJR6tN08-TqCkfC2C-PU6EpMEtoK3qCppeAOX-_gBhzc25Cyr-Jq_8y60XSpvVL0tBb9SHiyilSN7nPtWC9ie0aKery7uatZwPqw/s320/_DSC0143.JPG)
Vou começar descrevendo a delicada situação em que se
encontra este trecho maravilhoso do Rio Xingu, localizado entre os municípios de Altamira, Anapu e Vitória do Xingu, o trecho é conhecido como volta grande do Xingu, onde estão instalando a discutida barragem de Belo Monte.
Aproveito pra deixar minha simples opinião sobre hidrelétricas em geral e sobre
esta em especifico.
No geral, hidrelétricas “não correm” o perigo de um desastre
ambiental assim como uma usina nuclear, elas simplesmente por existirem já o
fazem no instante de sua concepção, alagando florestas matando animais e
principalmente colocando um obstáculo intransponível a toda vida aquática a
montante e jusante da mesma.
Porem, inteligentemente e por obra do relevo local a
barragem de Belo Monte não poderá alagar várzeas e afluentes ao Xingu por um
simples e providencial motivo, a cidade de Altamira assim como tantas outras cidades
fica as margens do rio e este tem seu limite de cheia no cais do porto da
cidade, ou seja, se a barragem elevar volume de água do reservatório acima do
limite de cheia anual do rio, simplesmente alagará uma cidade de mais de 100
mil habitantes por inteiro.
![](https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRJg-nn1m2Z5kEhTvhAnpYeqH8ebyth1GWVUtmukiqwi10CiTqI)
A solução encontrada foi criar um canal de derivação no qual
levará a água a um outro local no qual será criado um lago artificial, e que
este sim será o propulsor da casa de força principal da usina, ele irá alagar
sim centenas de milhares de m² de terras, mas estas que já foram devastadas
pelo homem outrora. A grande vantagem de tudo isso é que não será alterado as
características do rio pois o mesmo continuará correndo como um rio e não como
um represamento, e o outro é a criação de um novo ponto de pesca no qual os tão
famosos tucunarés do Xingu poderão se desenvolver e abundancia, podendo até
aliviar a pressão de pesca sobre o rio, já o prejuízo da barragem
intransponível não será solucionado, nem mesmo com elevadores e escadas, mas
dos males o menor.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBQfwKxHkNO4KAgzshT7Az06kl6UKtA0VSQIn4tdAFQNTZ8RdhuRb9PUnZEIywc295OoJpc30_GmLsBxJgCUqX-63iSe7CvdQOBbY6yJEteZpPmWribvSHdTOC_C-BI4dLvxu24c_e2v8/s320/_DSC0500.JPG)
No entanto, com o desvio de parte da água do rio que será de no mínimo operacional de 90 m³/s para a casa de força principal (norte) onde gerará em carga máxima 500 KV com todas suas turbinas, e na seca do rio será utilizada uma única turbina, o rio que nesta época tem um volume normal de 200 m³/s perderá 45% de sua água no que se refere a volta grande.
Um
pequeno represamento, mas a parte jusante da barragem que fará o desvio, será drasticamente afetada no
seu volume de água em todo o ano e mais
rapidamente na estiagem quando a água chega a descer mais 20 cm por dia!!! Essa
grande alteração no volume da água afeta tão fortemente o peixe e no nosso caso a pesca, que o peixe fica sem ação por muito tempo até que se estabilize novamente
ou diminua a velocidade de baixa da água.
Portanto dos projetos de barragens existentes no Brasil, na minha leiga e humilde opinião este é um dos com menor impacto
ambiental em áreas virgens ou pouco afetadas anteriormente pelo homem, mas ainda não deixa de mudar as características do rio, e principalmente a fauna e flora marginais e ela.
Peço aos companheiros especialistas na área ou curiosos como
eu, que emitam sua opinião para que eu possa corrigir algum erro ou mesmo mudar
a minha opinião.
Em seguida terei mais novidades para vocês.
Grande abraço!